Às vezes, precisamos lembrar, com efeito prático, que
o livro de Provérbios é Palavra de Deus para nossas vidas! Muito mais do que
uma compilação gigante de ditados populares, Provérbios é uma fonte que jorra a
sabedoria do Senhor Deus sobre todos os âmbitos dos relacionamentos humanos.
O primeiro verso do capítulo 17 nos traz o seguinte
conselho: “Melhor é um bocado seco e tranquilidade do que a casa farta de
carnes e contendas”. Definitivamente, esse provérbio não se propõe a
tratar sobre escassez e fartura, mas sobre o triunfo da paz sobre as contendas
da vida. No original hebraico, a palavra “contenda” significa
literalmente “sacrifício de contendas”, uma alusão apresentada,
provavelmente, em contraste aos “sacrifícios pacíficos” que eram
oferecidos em Deuteronômio 27.7.
A grande verdade que nos encontra e nos toca aqui é
que na vida fazemos muitos sacrifícios e os fazemos o tempo todo! Sacrificar é
algo intrínseco ao ser humano. Abel e Caim sacrificavam a Deus (ainda que o texto
não nos diga que Deus pediu). Nações pagãs sacrificavam aos seus deuses. Diversas
tribos primitivas, que nunca se relacionaram, prestavam sacrifícios à suas
divindades. Nossa geração moderna presta sacrifícios diversos aos seus deuses
pessoais e modais... e por aí vai. Sacrifícios são feitos, essencialmente, para
se obter algum tipo de favor.
A casa cheia de carne representa aqui nossos anseios
pessoais, uma espécie de riqueza, de conforto ou de prosperidade pessoal.
Nenhum problema com a prosperidade, mas o preço que pagamos para tê-la, esse
sim é o ponto. Para encher a casa de carne ou a vida de bens, pagamos preços
altos, nos ligamos a “coisas” e a circunstâncias que vão desencadear conflitos
e contendas que nos consumirão de uma tal maneira que chegaremos ao ponto de um
dia não ver valor nenhum nessa fartura de carnes.
Em contrapartida, a paz também é adquirida sempre
através de um sacrifício. A tranquilidade da alma e da mente precisa ser vista
como uma riqueza que não pode ser negociada por moedas desse mundo. A experiência
bendita da paz, muitas vezes, é resultado do sacrifício de não ver a “casa
cheia de carne”. Seja a prioridade dos bens materiais, sejam os direitos de
nossa autojustiça, seja a imposição de algumas convicções recheadas de
contendas... somente quando abrimos mão desses desastres naturais da alma humana
em favor de uma tranquilidade que desafia o status quo desse mundo é que
vamos entender que um bocado seco pode ser um grande tesouro!
Boa semana.
Rev. Luiz Gustavo
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