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quarta-feira, 30 de junho de 2010

RESENHA: Reflexões Críticas sobre Weltanschauung

OLIVEIRA, Fabiano de Almeida; Reflexões Críticas sobre Weltanschauung: Uma Análise do Processo de Formação e Compartilhamento de Cosmovisões numa Perspectiva Teo-Referente; In Fides Reformata (v.2, 2008.) São Paulo: Editora Mackenzie, 2008. 18p.

O autor Rev. Fabiano de Almeida, que é ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil e professor assistente da área de Teologia Filosófica no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, apresenta um envolvente artigo que descreve a formação de uma weltanshauung*, e como ela interage e se desdobra, tanto na sociedade como no indivíduo. Essa abordagem se deu a partir de uma perspectiva genuinamente cristã, ou seja, com princípios biblicamente orientados.
O artigo primeiramente, procura traçar um perfil histórico do termo weltanschauung, pontuando sua possível origem em Imanuel Kant (1724-1804), passando por nomes que foram responsáveis por difundir no meio acadêmico a expressão, como G. W. F. Hegel (1770-1831), F. W. J. Schelling (1775-1854), J. G. Herder (1744-1803), J. W. Goethe (1749-1832), Wilhelm Dilthey (1833-1911), Karl Mannheim (1893-1947). No campo cristão-reformado destacaram-se os teólogos James Orr (1844-1913), teólogo presbiteriano escocês, e Abraham Kuyper (1837–1920), teólogo reformado holandês. Contudo o autor apresenta a teoria do desenvolvimento histórico-cultural do filósofo reformado e teórico legal Herman Dooyeweerd (1894-1977), como a melhor referência de cosmovisão em sua relação com a sociedade e a perspectiva bíblica.
Depois algumas definições de weltanschauung são aqui apresentadas, mas em sumo, o artigo a define como: “uma orientação fundamental do coração”, que é parte integral da experiência humana e o meio pelo qual se interpreta o mundo, de maneira imediata e intuitiva, podendo ser articulada discursivamente através de conceitos e sistemas teóricos de pensamento. Para se obter uma compreensão acertada do processo de formação, transformação e compartilhamento de uma weltanshauung, é mister primariamente considerar dois elementos que se tornam basilares em todo o processo. Trata-se da estrutura interna de cada indivíduo, ou seja, a composição do seu eu, também chamada no artigo de camada ou matriz primordial, que é caracterizado pelos seus pressupostos religiosos. E em segundo lugar pelo seu contexto histórico-social, que se torna também um moldador da percepção do indivíduo. Segundo o artigo é por meio destes elementos que todo o processo de compartilhamento, incorporação e transformação de visões de mundo acontece. Esta relação dialética entre o eu humano e o seu contexto histórico-social, também é percebida no texto a partir de uma óptica bíblica. Quando em referencia a esta estrutura interna o autor cita o livro de provérbios que faz a seguinte admoestação: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Segundo o texto este eu humano, ou esta matriz primordial, é exatamente o que a Bíblia chama de coração. Analisando ainda esta questão pelo foco bíblico, destaca-se que este coração, que antes da queda possuía uma qualificação de ser definido essencialmente na sua relação com o Criador, em ser-para-Deus. Depois da queda foi alterado para uma condição de rebeldia e desobediência, redirecionando sua relação para ídolos, caracterizando este coração em ser-para-um-ídolo, o que afeta todas as percepções secundárias e relações que envolverão este coração. O artigo também cita entre outros textos, Deuteronômio 7.1-6, que exorta ao povo de Deus se abster do relacionamento religioso com outros povos, afim de não se influenciar em seus contextos histórico-sociais. Este elemento externo que também origina uma weltanschauug pessoal, exerce seu condicionamento ao longo da vida do indivíduo, à medida que este vai angariando suas experiências. Dependendo do contexto histórico-social em que o individuo está inserido, suas percepções podem ser acrescentadas ou até mesmo substituídas por outras, de acordo com os recursos empíricos que ele possa vir a dispor. Dooyerweerd atesta que esses dois elementos possuem uma interação concomitante, influenciando-se mutuamente e desencadeando todo este processo.
Na seqüência o artigo revela que uma weltanschauung pode passar de um nível subjetivo-individual (Weltanschauung no sentido privado) para um objetivo-social (Weltanschauung no sentido comunitário). Isto na verdade, nada mais é, segundo o autor, do que uma “comunicação e comunhão de percepções.” Esta weltanschauug coletiva tem seu processo de transição a partir de uma weltanschauung individual ou familiar que evolui gradativamente nas camadas sociais até chegar ao status de uma weltanschauung regional ou nacional. O Artigo atribui à globalização, a possibilidade de um maior e mais eficaz compartilhamento de weltanschauugen, descrevendo de maneira clara suas interessantes conseqüência.
A weltanschauung privada apresenta um perfil de características voláteis, ou seja, ela nunca permanece orientada constantemente pelos mesmos parâmetros, mas sempre muda por causa do intenso processo de interação e reciprocidade em que está imersa. Mais uma vez nota-se que a família é o centro-base onde ocorrem as principais trocas de percepções. Aqui a família não é apenas vista como uma receptora de novas percepções, mas uma eficaz comunicadora tanto para seus membros como para outras famílias, formando assim grupos sociais ligados por este processo de interação e reciprocidade. A medida que estes grupos sociais fundem seus principais interesses, será então formado uma estrutura de plausibilidade, ou seja, os componentes reguladores que determinarão uma weltanschauung de nível objetivo-social.
A percepção cristão-reformada deste artigo conclui que todo indivíduo já nasce cativo a uma weltanschauung primordial apóstata (em razão da queda), e que esta condicionará as weltanschauungen secundárias na vida deste indivíduo. Contudo, a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo aplicados à vida de um indivíduo, regeneram nele a capacidade de interpretar o mundo, não mais através de uma óptica de desobediência e rebeldia, mas agora a partir de uma percepção primordial estabelecida em amor e obediência a Deus. Este processo afeta não somente a estrutura pré-teórica do indivíduo (referente à sua área interna ou subjetiva), mas também seu comportamento perante a sociedade. Assim será possível a este indivíduo interpretar o mundo através das lentes de uma Cosmo visão Cristão-Reformada.

POR REV. LUIZ GUSTAVO CASTILHO

*Weltanschauung é um substantivo feminino composto de duas palavras alemãs: Welt – mundo, e Anschauung – concepção, percepção, intuição.

Weltanschauungen é sua forma plural. As diversas traduções do conceito são cosmovisão, biocosmovisão, concepção de mundo, mundividência, visão de mundo e percepção de mundo, dentre outras possíveis em português, e as já bem conhecidas worldview e life-worldview, em inglês (definição que está inserida no artigo).

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O VERDADEIRO AMIGO

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” ( João 15.12-15)

Será que podemos ter uma real noção do que significam essas palavras acima? Será que temos a dimensão do impacto que elas podem causar em nossas vidas? Todas as histórias de vida são marcadas de alguma forma por amizades. Amigos queridos e importantes que nos dão alegria, amigos que nos decepcionam e nos entristecem, e ainda existem histórias que são marcadas pela falta de uma amizade. Mas tudo isso não consegue se comparar a grandeza de podermos ser amigos de Cristo. A amizade que Jesus nos oferece, ultrapassa qualquer concepção de amizade que possamos ter em nossas vidas. As provas desta afeição vão além das Palavras de Jesus, elas se manifestam através de suas atitudes na história. Este texto aponta para algumas destas atitudes que precisam causar impactos em nossas vidas:

1- Cristo demonstra sua amizade morrendo por nós. “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”

2- Cristo demonstra sua amizade nos dando as condições para manter com Ele esta amizade. “se fazeis o que eu vos mando”

3- Cristo demonstra sua amizade nos reconhecendo publicamente como seus amigos. “mas tenho-vos chamado amigos”

4- Cristo demonstra sua amizade nos dando o seu melhor. “porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.”

Mediante a tudo isso, precisamos demonstrar também a nossa amizade por Jesus. Podemos ter as mais variadas companhias mas jamais podemos esquecer que Jesus Cristo é o nosso maior e verdadeiro amigo.

Rev. Luiz Gustavo Castilho

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A CRUZ DE CRISTO


“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.” Gl 6.14

É estranho perceber que a cruz, o símbolo universal do Cristianismo, causa desconforto e repulsa para membros de algumas igrejas que se denominam Evangélicas. Isto só não é mais estranho do que as explicações que são oferecidas para sustentar esta dura rejeição pela cruz. Fp 3.17-19
O que uma igreja orientada exclusivamente pela Bíblia deve compreender sobre a cruz? Em primeiro lugar, frente a muito o que se diz, devemos entender o que a cruz NÃO É:

1- UM SINAL DE DERROTA
O lugar onde Cristo consumou nossa salvação, por mais duro que seja, não pode ser um lugar de derrota, mas sim de vitória. Sem dizer que nossa cruz está vazia.
2- UM OBJETO DE IDOLATRIA
Não há culto à cruz, mas ao Cristo que morreu nela, mas ressuscitou transformando-a em um elemento pedagógico de seu Evangelho.
3- UM MOTIVO DE VERGONHA
Deus escolheu a cruz, e nela Cristo realizou a maior manifestação de amor que a humanidade pode conhecer, portanto a cruz nos é um motivo de honra.

O que significa então a cruz? Como um símbolo que ela é, e compreendendo que a função de um símbolo é comunicar uma mensagem, podemos ter os seguintes ensinamentos:

1- A CRUZ NOS FAZ LEMBRAR NOSSA CULPA
“Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” Atos 2.36
2- O NOSSO COMPROMISSO
“e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.” Mateus 10:38
3- O SACRIFÍCIO POR NÓS
“Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e o vestiram com as suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado.” Mateus 27:31
4- A NOSSA VITÓRIA
“e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.” Colossenses 2:15
5- O NOSSO BENEFÍCIO
“e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.” Efésios 2:16
6- O CARÁTER DO NOSSO CRISTO
“Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” 1 Coríntios 2:2


Mediante a estas verdades como negaremos a cruz de nosso Senhor? Que possamos olhar sempre para ela, e manter nossa mente cativa a toda história que Deus preparou e cumpriu em Cristo naquela cruz do calvário.

Rev. Luiz Gustavo Castilho.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O RETORNO DO FILHO PRÓDIGO por REMBRANDT


O famoso pintor holandes Rembrandt Harmenszoon (1606-1669), tem entre suas obras mais famososas, telas que retratam passagens bíblicas. A minha favorita é O RETORNO DO FILHO PRÓDIGO. Nesta tela Rembrandt consegue expressar detalhes de uma maneira espetacular, detalhes que a escrita não seria capaz de comunicar. O que Rembrandt consegue fazer aqui é simplesmente comovente. Quero destacar alguns detalhes na obra, que unem uma profunda sensibilidade somada a uma incrível percepção bíblica e teológica.

1) Em primeiro lugar, a criativa e sensível interpretação que o artista tem do abraço do pai. Veja que no abraço, o pai tem suas duas mãos estendidas nas costas do filho. Rembrandt pinta duas mãos com formatos distintos, uma mão tem as formas suaves e delicadas da mãe, a outra mão possui a forma firme e forte de um pai. Assim, o artista quer dizer que no abraço do Pai podemos encontrar terna misericórdia e forte proteção.

2) Outro detalhe sensacional está nos pés do filho. Na narrativa do Evangelho segundo Lucas cap.15 v.22 o pai diz:"ponde-lhe sandálias nos pés". Nesta obra prima Rembrandt retrata um pé calçado e outro já com a sandália nos pés para calçar. As sandálias juntamente com o anel e as roupas significam uma restituição. E isso vem para o filho ainda no abraço restaurador do Pai.

3) Por fim, destaco aqui uma característica importante do texto retratada por Rembrandt. Talvez nesta gravura postada não seja possível uma boa visualização, mas todos que presenciam o abraço do pai, estão de pé em reverência a este sublime ato, somente o irmão do filho pródigo está sentado em um ato de desprezo, com uma fisionomia distante da graça que se manifesta naquele lugar.

Rev. Luiz Gustavo Castilho

UM ÉDEM CHAMADO FAMÍLIA


Quando Deus criou o homem o pôs em um “jardim” especial. Especial não pelo lugar em si, mas por sua incomparável condição harmônica criada e sustentada pelo próprio Deus. Contudo, o pecado impediu o homem de viver neste “lugar especial”, Adão foi expulso do Édem e com ele toda a sua descendência. Em Gn 3.23,24, observamos algo curioso, Adão é expulso do Édem, mas continua lavrando a terra que havia tomado, sua localização geográfica era a mesma, porém, a condição harmônica do lugar havia cessado. Aquele lugar, outrora prazeroso para se viver, se transformara em uma terra de esforços, cansaço e trabalho árduo pela sobrevivência. Deus em sua infinita misericórdia, ao longo da história tem criado novos jardins, lugares especiais que são formados segundo a sua Palavra, que são em todo o tempo visitados pelo Deus criador e sustentador, lugares onde Deus tem novamente feito alianças e promessas. A esses lugares, Ele chamou a cada um de FAMÍLIA. Mas a serpente, por sua vez, ao longo dos anos se especializou em destruir esses novos lares. No passado poderíamos enumerar alguns fatores que poderiam destruir uma família, mas hoje é impossível presumir o que a “serpente” tem usado como artifícios para destruir as nossas famílias, são tantos ataques que já não sabemos como nos defender. Hoje a família se encontra tão ferida que muitos já não acreditam em sua existência. Mas a família é simplesmente um plano de Deus e Jó nos ensina algo precioso: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). A família não pode acabar, simplesmente porque Deus não quer. Assim como no Egito, o anjo da morte passou, sabedor de que nada poderia fazer nas casas marcadas com o sangue do cordeiro, assim hoje, Deus nos dá em Cristo Jesus a certeza de que “a serpente”, nada poderá fazer na casa marcada com o sangue de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A família será para nós o Édem, até que Cristo volte. A família é uma grande bênção de Deus para o homem, por isso devemos fazer de nossas igrejas, muito mais que um centro religioso, mas Deus fará de nós uma grande família, a Família de Cristo!!!

Rev. Luiz Gustavo Castilho

POR QUE NELA NÓS TEMOS A VIDA...



Um instrumento de morte Deus transformou em instrumento de vida. Imagine o que Ele pode fazer na sua vida.

Rev. LG

“HOMENS COMUNS COM UM CHAMADO INCOMUM” 1Co 1.26-31

Este é um assunto sobre vocação, ou seja, sobre o chamado que Cristo fez para todos nós. Desde os apóstolos o Cristianismo não para de crescer. Cristo não teve uma grande estratégia empresarial, nem chamou os maiores profissionais para divulgarem sua idéia. O grande segredo não estava nos homens comuns que foram chamados, mas no chamado incomum que foi feito. Por que podemos dizer que esse chamado era incomum?

1-)Foi feito por um “homem” incomum. (Jesus, o Deus Homem)
2-)Tinha um propósito incomum. (cumprir a vontade do Criador)
3-)Tinha uma sustentação incomum. (sustentado pelo próprio Deus Criador)

A história da Igreja está inserida em um círculo que mantém suas bases, independente da época ou das circunstâncias vividas:

1- Quem Chama hoje, é o mesmo que chamou os apóstolos no passado;
2- Quem é chamado hoje, são os mesmos “homens comuns”, pecadores e limitados como no passado;
3- Quem sustenta este chamado hoje, é o mesmo Deus Poderoso e Misericordioso que sustenta todo o mundo desde sua criação.

Por isso, podemos nos orientar naqueles que foram chamados primeiramente, e com eles aprender o que fazer e o que não fazer.
Contudo, o grande ponto da questão é: Deus tem um chamado para sua vida! Viva verdadeiramente este chamado, e você desfrutará da maior alegria e paz que o ser humano pode experimentar, cumprir a vontade do Senhor! Existem pessoas que são chamadas por líderes, ministérios, relacionamentos, tradição etc... Estas se frustram e se decepcionam facilmente. Porém, se você ouvir o chamado do Senhor da Igreja, e de todo coração responde-lo, certamente, você jamais se frustrará com a Igreja ou com qualquer situação que ocorra nela, simplesmente porque você compreenderá que foi por ela que Cristo morreu, e é ela que ele virá buscar.
A Igreja precisa de você, e hoje Cristo te chama para trabalhar nesta obra. Que o Senhor nos abençoe e confirme esse chamado em nossas vidas!
AMÉM!!!!

Rev. Luiz Gustavo Castilho

PROTOEVANGELHO E O PACTO DA GRAÇA

A cosmologia narrada no livro de Gênesis, revela um Deus pactual, quem tem em sua criação, o reflexo do seu amor e de seu poder soberano. Esta obra singular, creatio ex- nihilo, tem o homem como ponto chave no pacto da criação.

O homem foi o receptor do pacto, ou seja, foi através dele que Yhaweh se revelou como um Deus pactual. Foi Adão quem ouviu de Yhaweh as condições pactuais que lhe foram dadas como mandatos (Gn 1:27-30; 2:19-20), e assim assumindo uma posição de vice-gerente na criação. Entretanto, dentre as condições pactuais de Yhaweh, que determinavam o que o homem deveria fazer, havia um condição restritiva, ou seja, que restringia o homem em seus atos a uma específica situação: “E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”(Gn 2:16,17). Tinha então Yhaweh, o seu pacto com a criação.

Porém a única condição que restringia o homem nesta aliança não foi observada, quando Satanás seduz os vice-gerentes (Gn 3.1-6) e, estes desobedecem expressamente a ordem do Senhor, o pacto da criação é eficazmente rompido. O homem que fora criado para viver eternamente junto ao Senhor, tomou para si a sua própria pena de morte.

Contudo Yhaweh, cujo entre os atributos de sua natureza destacam-se o amor e a imutabilidade, não pode deixar de amar sua criação, e tão pouco, não mais se revelar como um Deus pactual. Porém antes de se manifestar ao homem, se manifesta a Satanás, proferindo-lhe um castigo em virtude de seu atentado contra a criação: “Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3:14,15). Esta sentença proferida por Yhaweh, é chamada pela teologia de PROTOEVANGELHO. Embora esta expressão não exista nas Escrituras, ela é comumente usada para designar a primeira alusão veterotestamentária das “boas novas” de salvação. Ainda que o protoevangelho seja referido em Gn 3:15, é no seu contexto próximo (Gn 3:8-4:25) que ele é compreendido.

Na Condenação de Satanás reside a esperança de salvação de Adão e Eva, e de sua descendência. Yhaweh não desfaz o pacto da criação, mas sustenta-o através de seu amor, bondade, graça e misericórdia. Embora o homem tivesse se tornado conhecedor do mal, e isso o impedisse de viver nas condições pactuais anteriores, ele não é destituído de uma relação pactual. Ainda que os termos graça, misericórdia e justiça não apareçam nos relatos da criação, Yhaweh os usa como base estrutural de uma nova aliança. A exemplo da primeira aliança, nesta Yhaweh estabelece unilateralmente as condições pactuais.

O homem continuaria exercendo seus mandatos culturais, sociais e espirituais, porém agora, baseado na graça de Deus que havia sido revelada a partir do protoevangelho. O pacto da graça, embora também não seja mencionado nas escrituras, deve ser subentendido como o pacto que Yhaweh fez com sua criação recém caída, e com sua descendência, a fim de redimi-la de sua condição pecadora e corrompida.

O pacto da graça é o meio pelo qual Yhaweh determinou que o pacto da criação fosse consumado. Nesta economia faz-se necessário ressaltar, que nem sempre a graça de Deus revelada, culmina em redenção, dando-nos assim, uma idéia da concepção da graça comum e da graça especial. Esta idéia e bem representada na graça concedida a Adão e Eva, que ao darem suas respostas de fé a graça que lhes fora concedida, esta manifestou-se salvificamente. Diferentemente aconteceu com Caim, ainda que a graça de Deus tenha lhe permitido a vivenciar os mandatos, este não seu uniu a fé de seus pais em resposta a graça de Deus em sua vida.


Rev. Luiz Gustavo Castilho.